terça-feira, 29 de julho de 2008

Para Kubrick, Waters, Gilmour, Niemeyer...

" 2001, uma odisséia no espaço"
Stanley Kubrick




Brasília, 24 de julho de 2008


Lembra de “2001, uma odisséia no espaço”?
Será que Kubrick teve a mesma visão que eu tive agora?

Provavelmente ele nunca pisou em Brasília, talvez nem sequer no Brasil. Mas a sensação que ele me passou com esse clássico foi quase a mesma que tive ao entrar na cidade de Lucio Costa ao som de "comfortably numb".

Quando me dei conta de que era o destino que se aproximava não pude deixar de puxar as cortinas do que era minha casa há 12 dias, e olhar para um lugar quase inóspito, mas cheio de coisas para onde os poucos transeuntes olhavam.

Exatamente no solo apoteótico da música, que lembrava também a clássica de Richard Strauss, uma marca no filme futurista dos anos 60, tudo ia a 60 km/h, até que um contorno e voltamos.

Do alto de uma certa obra de ferro que abstrai pensamentos e envia-os até nossas casas tivemos a impressão do todo, uma verdadeira maquete em escala 1:1, e eu o pobre homenzinho de um metro e oitenta que, estático, não interage em nada com a construção.

A música do Pink floyd parecia não me deixar em paz, “is there anybody in there?”.

Pra todo canto, concreto num branco empoeirado pela impecável seca do cerrado. Coisas que saíram da cabeça de um centenário, que agora improdutivo, repete a mesma forma em todos os cantos. Pra que?

E aí? Alguém aqui? Ali? Da pra passar aqui? Ou vou morrer na tentativa?

Essa cidade precisa de uma injeção de humanismo pra ficar de pé novamente, e aí talvez caminhar com as próprias pernas. Mas por enquanto ela vai se esvaindo como fumaça de um navio, distante num horizonte, como diria Waters e Gilmour.




"I have become comfortably numb"

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